Bebés que dormem a noite toda, sonho ou realidade?
A comida e a dormida são provavelmente os temas em que perceciono mais pais de bebés a queixarem-se. Se tenho muita sorte com a parte da alimentação, que eu acho que também foi muito estimulada, não posso dizer o mesmo da dormida.
Cada criança é uma criança e tem
os seus interesses e ritmos, mas parece-me que também depende muito do
comportamento dos pais.
Com o meu primeiro filho, aos 3
meses, já andava desesperada e resolvi que deveria ir a uma consulta de sono.
Foi um bocadinho agressivo, mas devo dizer que, tal como tudo o que tenho
vivenciado na vida, me ajudou a ser uma mãe “galinha” mais racional.
Rapidamente o meu filho se tornou disciplinado na hora de ir dormir, o que nos
fazia ter um tempo de muita qualidade enquanto casal. Continuava, no entanto, a
acordar uma vez por noite para dar de mamar. Até que, aos 16 meses, lhe disse
que estava na altura de dormir a noite toda porque a mamã tinha de descansar,
que só poderia haver mama quando houvesse luz do dia.
Foram três dias a acordar, a ir à
janela mostrar que era de noite.
Sem choro, o hábito instalou-se rapidamente
e começou a dormir a noite toda.
A segunda filha, neste aspeto,
foi a que “nasceu melhor ensinada” e, ainda pequenita, já fazia sete horas
seguidas. Claro que teve fases de retrocesso, mas a situação nunca foi muito
crítica, achávamos nós, porque a rotina em casa estava bem instalada.
Rapidamente os colocamos a dormir
juntos, no mesmo quarto, o que fez com que a cumplicidade deles seja enorme.
Quem vai ao terceiro filho
percebe, a partir do primeiro dia, que a gestão familiar controlada não existe.
A nossa atenção não nos permite focar em três crianças de idades diferentes, que
fazem atividades diferentes, ao mesmo tempo. Faz-se o que se pode para ser o melhor
possível para todos. Há uma tendência para o facilitismo imediato, o mesmo que
muita gente tem fora de casa, para as crianças não importunarem. Na parte de
dormir e sabendo que os bebés crescem muito rápido, fomos aproveitando bem o
facto de termos um bebé. O mimo foi conscientemente muito, assumimos que iria
justificar os problemas que iríamos ter posteriormente. Depois de muitos meses
a facilitar resolvemos que iria ter que chegar o dia em que a rotina de deitar
cedo e dormir a noite toda teria de ser incentivada. Foi difícil, muito
difícil, tentamos procurar ajuda com uma consulta de sono menos radical, mas os
tempos de espera eram enormes e a bebé com 15 meses fazia de nós o que queria.
Deitava-se tarde, chorava para
ter companhia e acordava indiscriminadamente durante a noite para mamar.
A minha visão racional de ser mãe
diz-me que, se eu não estiver bem, não poderei dar o melhor aos meus filhos.
Além de estar já a trabalhar a full-time, estava a chegar ao meu limite.
Alinhámo-nos então em conversas com a bebé na mesma direção e muita
persistência nas regras que tínhamos estipulado em casa. Não foi fácil, mas,
uma semana depois, as horas de ir para a cama estavam completamente apreendidas
e, com a mesma estratégia que utilizei com o meu primeiro filho, a mama foi
retirada durante a noite.
Depois deste árduo trabalho de
uma semana devo dizer que foi uma educação à minha imagem de professora,
custoso porque deixámos ir muito longe, mas fundamental para o bem-estar de todos.
A pequena dorme muito melhor, dá-se muito bem com os manos e aprendeu que gosta
de dormir. Só posso recomendar para o bem-estar de todos.
Aí em casa os vossos filhos
também dormem a noite toda?
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