Tirar ou esperar?

 


Já passaram anos desde que escrevo este blog e às vezes questiono-me se vale a pena despender tempo a escrever e, quando isso acontece, há sempre alguém que vem ter comigo e me diz « Catarina, podias escrever sobre este tema.. » e acabo sempre por pensar em imensas coisas e fico a acreditar que vale a pena e que ajudará a atingir o meu propósito de criar uma sociedade melhor para os meus filhos e para os vossos.
No outro dia uns amigos disseram-me que eu não podia não ter sido mãe, que me estava no sangue. Não sei se percebi completamente porque diziam isso, mas se tiver que me descrever enquanto mãe diria que sou uma mãe galinha mais racional que emocional. Adoro os meus filhos e acompanho-os muito mas tento agir sempre da forma que me parece melhor para se tornarem bem aceites na sociedade.
Se os meus filhos me pedirem para comprar alguma coisa e eu não vir propósito ou necessidade direi que não, mesmo que façam choradinho.

Enquanto mãe, às vezes sinto que não conseguimos ver certas coisas com os nossos filhos simplesmente porque nos são muito próximos. Adaptamo-nos, mas há sempre momentos em que vacilamos porque alguém diz alguma coisa ou porque pensamos em alguma coisa que nunca tínhamos pensado.
Hoje vou falar de dois temas sensíveis: chucha e fraldas.

A chucha deve ser evitada nos primeiros dias de vida para não gerar confusão entre alimentação e sucção, embora haja bebés que parece nascerem ensinados. Cada criança terá a sua preferência e algumas nunca gostarão de chucha, outras não viverão sem ela.
Os dentistas sorriem de satisfação quando um bebé rejeita a chucha. As mães que amamentam têm um «mix feeling », algumas preferem que os bebés gostem de chucha para terem uns minutos de sossego, outras preferem que os bebés utilizem as mamas como pacificador. Os pais e outros familiares preferem que a criança não chore, o meio utilizado é indiferente.
Não vou descrever os malefícios da chucha porque acho que todos sabemos, mas dizer que cá em casa tivemos três experiências distintas.
Um não aceitou de todo a chucha, o outro aceitou e um dia resolveu que as chuchas eram para os bebés e deitou-a fora. A outra gostou tanto que não queria por nada largar, fomos avisados pelo dentista que devia ser retirada o quanto antes porque podia ter consequências graves. Quando tentámos retirar a chucha, depois desse alerta, sentimos que emocionalmente não corria bem e retrocedemos. Não queríamos tapar um problema com outro. Deixámos que chegasse aos três anos. Nessa altura parece que até dificultou, começou a chamar-nos durante a noite quando perdia a chucha. Já andava saturada por não dormir uma noite inteira e estava gravidíssima. Um dia levantei-me tipo «zombie» e a chucha tinha ido para debaixo da cama; como não consegui retirá-la, disse-lhe que dormisse e que de manhã tirávamos a chucha. Como sabia que a minha mobilidade já estava comprometida, aceitou e virou-se para o outro lado. Como estávamos de férias e tínhamos visto um gato no jardim ao pé de casa no dia anterior, na manhã seguinte ela perguntou se teria sido o gato a levá-la e nós dissemos que se calhar tinha sido. Acabou por criar uma história à volta da chucha e por se esquecer que a queria porque o foco ficou na história e na imaginação do que teria acontecido. Não resolveu tudo retirar a chucha, mas ajudou imenso a que quando a bebé nasceu já não houvesse acessórios de bebés em nossa casa. Ainda hoje falamos da história do gato.
Não inventámos a história, proporcionou-se e criou muita imaginação em torno da mesma, não mentimos, mas cooperámos com a história imaginada pelos nossos filhos.


Há pessoas que assumem que vão utilizar fraldas de pano e têm a capacidade para cumprir do início ao fim. Embora o ambiente me preocupe, não consigo assumir essa causa não usando fraldas descartáveis. Preocupa-me, no entanto, a quantidade de tempo com plástico à volta dos órgãos genitais. Nunca li sobre o assunto, há coisas que prefiro não saber, mas por senso comum tento incentivar o retirar das fraldas. Pelo que me tenho apercebido, normalmente os rapazes são menos preocupados com essa parte, mas as raparigas, em geral, têm mais vontade de desfraldar. Assim que os meus filhos mostraram sinais de querer tirar as fraldas de dia tirámos também de noite.
A rotina da noite ajudou muito nessa parte, história e xixi, poucos líquidos antes de ir para a cama e foram muito raros os acidentes. O que mais contribuiu para essa vontade foi uma mini sanita, uma réplica de uma sanita normal que até tem som de autoclismo. Gerou uma curiosidade imensa e fez com que a vontade de fazer como os grandes aumentasse o interesse em tirar a fralda. Com dois anos já não havia fralda nem de dia nem de noite. É verdade que no final de contas até temos saudades, mas é ótimo para a carteira, para o ambiente e para a autonomia dos nossos filhos. E por aí?! Como correu o tirar a chucha e a fralda?

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