Educar pela responsabilização
Cá em casa, os momentos de brincadeira são
muito mais estimulados do que dispositivos eletrónicos ou outras brincadeiras
mais sedentárias. O tempo é usado pelas crianças como elas desejam, mas há
responsabilidades que são obrigatórias diariamente e lhes retiram uns 10 dos
1440 minutos diários que têm. Os resultados são fantásticos.
Mas afinal o que coloco eu os meus filhos a fazer?
Nada! Apenas faço com que participem nas tarefas diárias. Quando tiram a roupa têm
de a colocar no cesto da roupa suja. Antes de se deitarem têm de ir escolher a
roupa para vestirem no dia seguinte. Depois da roupa passada têm de arrumar as suas
roupas no armário. Ajudam a pôr a mesa, arrumam os brinquedos deles, coisas
banais que feitas diariamente se tornam um hábito não questionável.
Quando se pede para que façam outras atividades
esporádicas como ir às compras e ajudar no transporte das mesmas, eles gostam
de colaborar. Eles próprios brincam e dizem “trabalho de menino é pouco, mas
quem não o aproveita é louco”. E têm razão! Muita razão! Adoram ajudar…
porque devemos dizer que ainda não têm idade? Quando começarão a ter?
No início do ano letivo fiz uma grelha para cada um
dos mais velhos (3 e 6 anos) e fui-lhes pedindo para desenharem as atividades
que tinham na semana. Cada um ficou com um calendário artesanal que lhes
permite saber em que dia da semana estão e o que é que têm de organizar para o
dia seguinte. Fundamental para os responsabilizar.
No outro dia dei por mim a esquecer-me que havia
piscina no dia seguinte, só me lembrei quando eles já estavam deitados, mas não
houve problema porque eu só tenho mesmo o papel de verificar e quando fui ver tudo
tinha sido arrumado. Com três filhos, colaborar é uma necessidade, mas,
como já referi em artigos anteriores, também é um “skill” muito
apreciado por quem os tem como alunos.
Os trabalhos de casa também são responsabilidade de
quem tem de os fazer e é mesmo a primeira coisa que se faz quando se chega a
casa, não tenho de perguntar. Talvez tenha perguntado no primeiro dia, mas
quando os responsabilizamos eles assumem que têm de o fazer.
No outro dia tinha uma data de coisas para fazer que
não dependiam de mim e corria o risco de que, se se atrasasse, tudo
fosse complicado. O meu filho mais velho faz os trabalhos de casa em casa, no
centro de estudos falam outra língua e, com mais crianças por perto,
preferimos que ele brinque e que desenvolva outras competências. Quando chega a
casa, concentrado, consegue fazer os trabalhos de casa rapidamente
e é tudo mais efetivo. Nesse dia em especial expliquei-lhe as minhas voltas e
disse-lhe que esperava ir buscá-lo a horas, mas que ia ser complicado e não dependia
de mim. A conclusão foi que ele foi o último a sair e o meu stress era enorme,
porque a juntar aos banhos e ao jantar ainda havia os trabalhos de casa,
nesse dia estava sozinha e com três crianças em casa. Quando cheguei ao pé dele,
esbaforida, pedi desculpa e, preocupada, disse-lhe que
não tinha conseguido mesmo chegar mais cedo e partilhei a minha preocupação
dizendo-lhe que não sabia como iríamos em tão pouco tempo conseguir fazer tudo…
De forma muito madura disse para não me preocupar porque ele tinha percebido
que eu ia chegar tarde (viu que as crianças estavam a sair) e tinha resolvido
fazer os trabalhos de casa. Fiquei orgulhosíssima e constatei que comunicar com
eles vale mesmo a pena, só assim se atinge a dita responsabilização.
Não estamos a fazer com que não tenham infância, não
interfere nessa parte. São crianças, brincam, fazem disparates, mas são
responsabilizados pelo que fazem e têm responsabilidades diárias no seu
dia-a-dia.
Não vejo qual é o problema. E vocês? Como se passa aí
em casa?
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