Obrigatório não esquecer quando vemos um bebé


Hoje venho fazer uma reflexão sobre o que é ter um bebé e coisas a não esquecer quando nos aproximamos de um bebé.

Como pais temos sempre tendência a eliminar da nossa memória as coisas más, a esquecer noites mal dormidas, a esquecer idas ao hospital,... podemos até nem esquecer o que vivenciámos mas mais tarde desvalorizaremos o impacto que tiveram para nós.

Já disse anteriormente que, embora tenha três filhos, foi muito difícil ter o primeiro. Hoje, tenho a certeza que o nosso pensamento tem a capacidade de permitir e de bloquear. Podemos até querer muito, mas se há algo que nos preocupa/ afeta, o corpo pode simplesmente bloquear. Aconteceu comigo, o que me deixou sem chão durante muito tempo, mas que também me tornou mais forte e me fez pensar e compreender que ser mãe era realmente para mim um objetivo de vida.

Durante esse tempo fui “obrigada” a refletir, a analisar muitos prós e contras e a perceber que queria mesmo ser mãe, quer fosse biológica ou adotiva. Quis o destino que fosse biológica, mas acho que teria também perfil para adotiva.

Fiz inclusive um curso de adoção, que achei fenomenal e que acho que deveria seria obrigatório para toda a gente, o mundo ia ser certamente melhor, as pessoas teriam muito mais empatia umas pelas outras e saberiam respeitar-se muito mais, aprenderiam mais sobre educação e deixariam de pensar apenas no seu “quintal”.

Sou educadora por natureza e uma apaixonada por bebés e crianças. Falo desde sempre com os bebés, já referi isso em artigos anteriores. Falo com eles como se percebessem tudo e nunca utilizo a linguagem de “bebélês”, porque acredito que realmente percebem e o que não perceberem eu poderei explicar e ensinar, acho que deve ser por isso que dizem que os meus filhos são muito curiosos e interessados.

Comunico muito e desde muito cedo vou estimulando, já comecei com a minha filha de 5 meses a contar, a descrever cores e a imitar os sons dos animais. Não que queira que ela já saiba isso tudo já, mas a repetição ajudará a que aprenda. Acredito muito que estimular faz com que os miúdos aumentem o seu interesse por tudo. Quando vou ao pediatra ele fica surpreendido pela atenção que ela dá ao que a rodeia, é certo que tem dois irmãos mais velhos, mas acredito que as aprendizagens são graduais e não acontecem só quando as crianças atingem a idade X ou Y.

Outra coisa que me parece fundamental é não enganarmos as crianças! Por exemplo, deixar crianças nas creches e sair “sem que elas se apercebam” não me parece de todo correto. Se alguém com quem vocês queriam muito falar vos dissesse: espera aí, já te ligo em 5 minutos e vos ligasse no final do dia a dizer “o que é que querias?” Como se sentiriam?? Não preferiam que vos tivesse dito: “desculpa, estou com um dia complicado, ligo-te ao final do dia quando conseguir”. Temos de ensinar as crianças a gerir expectativas e sabemos também que demoramos a vida inteira a construir confiança e um segundo a destruí-la. Ao dizerem que vêm já ou a tentarem fugir estão a criar uma situação de conflito às crianças. E a melindrar uma parte importante da vossa ligação: a confiança.

As crianças precisam de dormir, não devem ser interrompidas com barulhos, seja de tv, campainhas ou barulhos que as possam acordar. Os bebés precisam muito de dormir, é natural, é assim que crescem. Quando o meu primeiro filho nasceu estava tão delirante que estava sempre a estimulá-lo e depois ele não dormia e eu queixava-me. Tinha tanta vontade de brincar com ele e de o estimular a aprender que às tantas andava esgotada com uma situação que eu tinha originado. Apercebi-me conscientemente do que tinha acontecido e quando tive a segunda filha acabei por fazer um mestrado.  Quando a deitava começava a trabalhar e não deixava de estar com a bebé, mas tinha uma ocupação, por isso não tentava que ela estivesse sempre a acordar (até porque sou uma defensora da importância de dormir nas crianças). Com a última resolvi que iria fazer um doutoramento. Mais do que nunca tenho bem estabelecido na minha cabeça que só trabalho quando ela dorme. Tem sido um desafio, mas a idade também ajuda a que os momentos sejam bem aproveitados, pelo que consigo mesmo utilizar bem o meu tempo.

É possível organizar o tempo e fazer muita coisa com bebés pequenos, mas não menosprezem o trabalho que um bebé dá. Uma mãe recente precisa de tempo e de espaço, quando forem visitar um bebé lembrem-se que um bebé dorme muito e não tem horas específicas de sono, pelo que é proibido tocar à campainha. Enviem mensagem para o telemóvel, batam à porta devagar, mas não toquem à campainha. O bebé terá tempo de ficar excitado de vos ver, estará mais bem disposto e aproveitará melhor a vossa companhia.

Ao terceiro filho só olhamos para o que queremos, já há pouca novidade, embora os bebés sejam realmente todos diferentes. Ao terceiro as esterilizações já não existem, o que se quer é que tudo esteja em andamento, opta-se pela importância das situações e o choro dos bebés não é sempre o mais prioritário. São comuns as situações em que a bebé está cansada, estou a preparar o jantar, o mais velho a fazer trabalhos de casa e a do meio a chamar a atenção com algo que pode ser perigoso para a bebé. A única certeza deste quadro é que a bebé está cansada, portanto será a última na lista de solicitações. Quando é o primeiro filho as mães provavelmente nem se atreverão a fazer o jantar porque o bebé está cansado. É tudo natural! Atualmente, com três filhos, sou menos eficaz mas mais eficiente.

Mesmo ao terceiro há focos que não se perdem e tocar nas crianças é um deles. Sou de uma forma geral tranquila com isso, mas por dentro consumo-me toda. As mãos têm obrigatoriamente que ser lavadas antes de tocar nos bebés, especialmente.. nas mãos!!! Os bebés levam tudo à boca, exploram tudo com a boca, inclusive as mãos! Salta-me menos a tampa quando tocam na cara de bebés do que nas mãos e sim, os bebés precisam de ganhar imunidade, mas não com desconhecidos ou pessoas afastadas do círculo mais próximo. São fofinhos, mas tocar nas mãos obriga a que se tenham as mãos lavadas.

Vamos todos lembrar-nos disso quando vemos um bebé?

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