A praga dos piolhos
Há tarefas
que temos com as nossas crianças todas as semanas e não discutimos porque não
há volta a dar.. por exemplo cortar unhas. Quando se tem um filho a pessoa até
estabelece uma rotina, cá em casa era ao domingo ao final do dia, no segundo
filho tentava-se, mas já não era certo que fosse no mesmo horário e ao
terceiro as unhas vão-se cortando quando estiverem grandes ou quando aparece
alguém arranhado.
Há um ditado
que diz “quem faz o que pode a mais não é obrigado”, portanto vai-se fazendo o melhor que se pode.
Entretanto o
bom desta história é que cortar 80 unhas por semana tem tendência a diminuir e
entretanto e rapidamente já só tenho praticamente a responsabilidade de 70, porque
com 6 anos, cá em casa, já se é tão grande que até se quer cortar as
unhas das mãos sem ajuda.
Claro que a
autonomia dá muito trabalho ao início, porque exige verificar tudo e às
vezes até se perde mais tempo, mas devo dizer que já estamos numa fase
que quase não é necessário verificar.
É sobretudo
na infância que as cabeças das crianças, volta e meia, têm
visitas inesperadas. Na primeira vez os pais sentem uma vergonha imensa e
perguntam-se porquê e há sempre alguém iluminado na família que diz que é falta
de higiene e nessa altura então a vergonha é tanta que, em vez de
tentarem extinguir a praga, a tentam apenas extinguir na cabeça dos filhos.
Infelizmente não é assim que fará acabar a praga e provavelmente, depois de
rodar novamente todas as cabeças na escola e em casa, voltará.
A primeira
vez que descobri piolhos na minha casa foi porque não parava de coçar a cabeça
e resolvi que ia comprar um produto à farmácia. Tinha ido ao cinema nos dias
anteriores, então achei que devia ter estado encostada a algum sítio
onde proliferassem. Na altura coloquei um produto que tinha de se deixar atuar
e fui ter com as crianças, na altura duas. Quando me viram, a reação
foi:
a mais nova
perguntou o que era aquilo e antes de eu poder dizer o que quer que fosse, a
mais velho disse “mamã, também tenho muita comichão na cabeça”. Claro
que fomos todos corridos ao produto e lençóis e roupa para lavar a 60 graus.
Desculpem,
sei que já estão cheios de comichão por sugestão, mas vou finalizar a
história. Resolvi que era meu dever dizer aos outros pais, dizer na escola e na
creche para que todos estivessem prevenidos e pudessem fazer o trabalho de
casa. Depressa percebi que o assunto era tabu e que, mais do que isso,
está ligado efetivamente a achar-se que é falta de higiene.
O que
aprendi? Aprendi a tirar piolhos e aprendi que, volta e meia,
tenho de ir inspecionando as cabeças, porque eles andam sempre por aí.
Percebi que é mais eficaz a inspeção que os produtos para os remover. Que
quando não estão há muito tempo nas cabeças saem com muita facilidade. Mexe
tanto comigo que não descanso até ter a certeza que não andam mesmo cá em casa.
Da primeira
vez o desespero foi tanto… mas felizmente foi num fim-de-semana em que tivemos
visitas que já estavam veteranas neste tema e me acalmaram o coração. Sim!! É
muito normal e sim, não é verdadeiramente um problema se atuarmos com
celeridade. Não mudamos a proliferação dos piolhos mas podemos evitar que andem
na nossa casa.
Cá em casa
existe um pente próprio fininho para cada cabeça, álcool e discos
desmaquilhantes. Pentear uma pequena madeixa de cabelo e passar no disco
desmaquilhante embebido em álcool. Se se vir algo castanho ou preto no disco,
ver com atenção porque pode ser um piolho ainda vivo e, caso seja,
tem de se esborrachar com a unha até rebentar. São uma praga resistente. Para
uma verificação mais rápida serve água e papel.
Se forem
pequeninos não são tão resistentes, matam-se com mais facilidade.
Se estiverem
durante muito tempo na mesma cabeça deixam ovos (as lêndeas) que vão crescendo,
pelo que tem de se retirar com muita paciência porque estão muito agarradas
ao cabelo.
É uma praga,
sim e até já vi lojas especializadas em tirar piolhos, mas se formos vendo com
regularidade as cabeças a praga é mais suave e não passará verdadeiramente a
ser um problema. Quando alguém coça a cabeça cá em casa a inspeção é geral e
profunda, é chato, consome tempo, mas o que sei mesmo é que não quero
voltar a ter uma praga na minha casa.
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