Novas tecnologias e açúcares os dois venenos do século XXI

 


Tenho a sensação que de uma forma geral o mundo não está preparado para ir aprendendo porque as pessoas querem aprender tudo de uma vez. Assim vejo também a evolução da tecnologia, que é tão boa mas muitas vezes em vez de ser feita com consciência e com certezas é feita rapidamente e sem reflexão. Como em tudo “depressa e bem não há quem”.

 

Na educação, em casa e nas escolas, como a tecnologia era visto como “boa” introduziu-se em muita quantidade sem pensar muito nas necessidades de quem consumia e nas consequências que dai poderiam vir. Atualmente têm sido inúmeros os problemas que estão a surgir inclusive problemas relacionais entre os jovens. Há crianças e jovens que tem muitas dificuldades em brincar e em socializar. Oiço histórias diariamente sobre isso e algumas delas assustadoras.

 

No outro dia conheci um miúdo com altura de 10 anos e motricidade de um ano e meio. Acabei por saber que tinha 7 anos (mas tinha mais dois palmos de altura e o dobro do peso do meu, com apenas alguns meses de diferença). Ele não saltava e não corria porque alguém lhe dizia a cada instante para ter cuidado para não cair. Aqui em casa passo a vida a estimular os meus a fazerem coisas difíceis, se caírem levantam-se e fazem novamente para aprenderem. No sítio onde estavam e porque não havia  mais ninguém achei que era um bom momento para me “meter” com o rapaz pedindo aos meus para se deslocarem a imitar animais e tinham de descer o escorrega sempre de formas diferentes. A conclusão é que às tantas até já o rapaz descia o escorrega de cabeça, de forma pouco hábil mas espero que tenha ficado lá alguma vontade de se mexer e de explorar o meio testando diferentes formas de deslocamento.

Quando finalmente começou a ganhar confiança começou a falar mais e apercebi-me que embora os pais fossem portugueses ele falava português do Brasil, ao que a mãe me disse que era por causa “da tablete”.

Na minha casa pecamos pelo contrário, às vezes somos um bocadinho pouco flexíveis com os aparelhos electrónicos mas orgulha-nos que os nossos filhos gostem e queiram falar e brincar. Estão quase sempre bem dispostos e com vontade de fazer coisas diferentes. Adoram comer e nunca mas nunca veem o que quer que seja enquanto comem.

Quando veem aparelhos electrónicos e estão cansados é um problema enorme, ficam rabugentos e nós arrependemo-nos sempre de os termos deixado ver.

 

Depois há o fenómeno de toda a gente achar que uma criança gosta de doces, aqui no Luxemburgo até nos pediatras e nas farmácias, para não falar dos restaurantes. Todos tem a « atenção » (pensam eles) pelas crianças. Passo a vida a agradecer, sempre que posso antecipo-me, agradeço mas que eles não querem.

Infelizmente é uma batalha porque vem de todo o lado, « oh não te chateies, é só hoje », « eles também precisam dessas coisas », o problema é que o só hoje é frequente e eles precisam muito mais do que de açúcares de atenção.

Claro como para todos nós os açúcares são agradáveis ao paladar! São um veneno porque é viciante, o seu consumo excessivo da sonolência e faz-nos ficar com menos vontade de nos mexer. Na parte do vício é semelhante a um aparelho electrónico que nos consome energias e atenção.

O cansaço associado aos açúcares e aos aparelhos electrónicos são causa da maior parte, se não dá totalidade das birras na minha casa. Os doces vão chegando sem que nós compremos e vão-se acumulando. Os momentos que são autorizados são restritos, mas existem.. o fruto proibido é o mais apetecido. São mais frequentes do que quereria, mas quando olho para o lado muito menos frequente do que em muitas outras casas .

Não percebo se do eu que vejo os malefícios mas tento que os dois venenos sejam consumidos ao mínimo.

Aí em casa também tentam evitá-los?

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