Prioridades de uma mãe

Somos todos diferentes e em cada casa há uma realidade diferente, vou contar-vos como sinto o impacto de ser mãe à minha volta.

Sempre fui muito empenhada com o meu trabalho, grande parte dos anos de serviço que tenho foram como independente, embora tenha dado aulas em escolas, paralelamente sempre tive a minha empresa ou atividades como freelancer.

Não sei se pelo peso da responsabilidade ou se por ter sido mãe já acima dos 30 anos,  as minhas prioridades mudaram completamente quando me tornei mãe. Se antigamente despendia algumas das minhas horas vagas a inventar ocupações, tudo mudou. A minha maior ocupação passou a ser observar e acompanhar os meus filhos.

Não sou propriamente uma mãe galinha que apenas defendo os meus filhos, embora ache que todos nós temos um bocadinho dessa característica mas como professora que quer um mundo melhor para os seus filhos e para os vossos sou apenas uma curiosa que gosta de ver por perto a evolução do mundo.


Isto para vos dizer que os meus horários e as minhas prioridades têm mudado!  Continuo a adorar o que faço, aliás pertenço aquele grupo de pessoas que não acorda um único dia chateada porque tem de ir trabalhar. Que às vezes chego atrasada porque fiquei na conversa com algum aluno e que me preocupo e sou uma entusiasta com o sucesso dos mesmos. Mas isso não muda as minhas prioridades! Gosto de ter a sensação que chego sempre a horas de poder acompanhar os meus filhos nem que seja a observá-los a brincar com os vizinhos na rua.

Reduzi, praticamente eliminei, todas as atividades (formações) que dava esporadicamente depois da hora de expediente e ao fim de semana porque simplesmente acho que o meu papel é mais útil com eles.

Sou capaz de ir ao cinema e fazer programas sem eles mas os compromissos profissionais foram muito reduzidos.


Escrevo este artigo pelas conversas que tenho tido e pelo que vejo à minha volta acontecer.

Sou uma privilegiada, trabalho num sítio onde pouca gente tem filhos mas onde ter filhos não é um problema. Ou será que é a minha aproximação ao trabalho? O facto de ser uma apaixonada pelo que faço e de ser bastante rentável no tempo que despendo a trabalhar (que foi certamente uma característica que ganhei a trabalhar tantos anos como independente..)?!

Não sei as razões mas efetivamente tenho uma enorme capacidade de gerir o meu tempo. Mesmo que não planifique por escrito eu sei exatamente o que tenho de fazer, estabeleço objetivos do que tenho de fazer semanalmente, diariamente e em períodos curtos do dia. Raramente deixo para amanhã o que posso fazer hoje e quando o faço é enquadrando na semana alternativas para conseguir não deixar que a semana não seja fechada como inicialmente tinha pensado.

Este é o segredo de ter filhos, despender tempo de qualidade com eles, trabalhar e estar a fazer um doutoramento.

Por norma nos tempos em que estipulei estar com os meus filhos não faço nada de trabalho porque é tempo perdido! Fico ansiosa porque não consigo adiantar, não adianto porque eles querem atenção e fico chateada porque não adiantei.

Aprendi essa lição muito rápido e resolvi que não valia a pena, reestruturação dos objetivos semanais ou utilização de horas que eles não estejam presentes (ou porque dormem ou porque estão na escola) é sempre a forma de cumprir com as minhas obrigaçōes.

Já eventuais tarefas diárias a realizar, tirar a loiça da máquina, estender a roupa etc, eles são incluídos e adoram "trabalho de menino é pouco mas quem não o aproveita é louco".


A conclusão é que tenho tempo para tudo e quando falo com algumas amigas percebo que na generalidade as prioridades são semelhantes e que a forma de cumprir o objetivo é que nem sempre é efetivo. Seria bom que os trabalhos fossem todos flexíveis e que os pais (mães e pais) de crianças pequenas pudessem ter horários convenientes. Nem toda a gente os aproveitaria, é certo, mas é uma pena porque não há ninguém que não diga que não passa num instante.

Como sinto que há à minha volta também muito má gestão do tempo, aconselho-vos a procurar um trabalho onde sejam felizes, não tenham medo de mudar e giram o vosso tempo de forma a que não sintam qualquer frustração. Aproveitem o tempo e sejam felizes.

Estabeleçam e expliquem muito bem aos vossos filhos as razões, porque estão com pressa, porque é que eles tem de fazer X ou Y. Se tudo for explicado eles serão muito mais cooperantes e não haverá momentos de desculpas infindáveis que nem vocês sabem responder, a partir do momento em que estamos com eles o tempo tem de ser qualidade e não de stress senão algo está mal.

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