Como explicar aos nossos pais que iremos educar de outra maneira?

 

Imagem: CC BY-NC-ND

No outro dia vi esta questão numa rede social, fiquei a pensar no assunto e pensei que seria um bom tema para escrever.

Atualmente generaliza-se tudo e achei que seria uma boa forma de resumidamente explicar a educação positiva.

 

Antigamente as palmadas eram vistas como um método educativo, mesmo nas escolas. Confesso que levei uma reguada na escola e me serviu de exemplo, fui para o recreio brincar em vez de fazer o trabalho que era suposto. A avaliar a situação até poderia achar que tinha surtido efeito mas não foi a reguada que me marcou mas o que a professora me disse. Não consigo partilhar exatamente as palavras mas disse-me que lhe estava a custar muito porque não esperaria que alguma vez eu o fizesse. As palavras acertaram-me no meio do meu coração e marcaram-me para sempre. Não o voltei a fazer!

Pergunto-me se há alguém que tenha sido agredido fisicamente que tenha aprendido alguma coisa. Por norma a agressão física dói mas a dor não persiste, passa. Ninguém aprenderá com isso. 

Aprendemos desde sempre que bater em alguém mais fraco é covardia, porque pensamos que bater numa criança é educativo e uma necessidade? 

Isto não quer dizer que nos possamos demitir das nossas responsabilidades de educadores, é apenas o método que não é o mesmo.

 

Cá em casa há regras e há consequências, mas nem sempre a consequência tem de ser um castigo. Uma criança que não faz o que lhe pedimos pode estar a tentar chamar a atenção. Pode querer um abraço, pode precisar de dormir, pode precisar de refletir.

Na minha casa há uma regra de ouro, as más atitudes são normalmente reflexo de cansaço. Quando estamos cansados precisamos de dormir. Não é um castigo, mas uma consequência.

Esta premissa é sabida e quando há alguma má atitude é hora de dormir (ou é apenas um aviso, se não for efetivamente uma necessidade a má conduta é isolada e dissipar-se-á rapidamente).

A exposição é pouca, mas quando há menos horas de sono durante a noite não há qualquer possibilidade de dispositivos eletrónicos, só farão aumentar a excitação e os maus comportamentos.

 

A educação é baseada em amor e respeito. O tempo é de qualidade e a maior prova disso é que quando estou com eles evito estar a trabalhar ou estar com o telemóvel.  

À noite há sempre uma história, a dimensão depende da hora. Quando é muito tarde para haver história, são avisados previamente. 

Tudo é preparado e informado com muita antecedência. Tudo o que é diferente do habitual é conversado, sem surpresas e muita comunicação. Não há mentiras piedosas, se vamos sair dizemos onde e com quem. A confiança demora a construir e destrói-se num segundo. Aplicamos os valores que defendemos.

Se dizemos que eles não podem comer alguma coisa nós também não comemos a não ser que haja uma boa explicação. Por exemplo nós adoramos sushi, e eles também acabam por gostar, mas eles só podem comer se não tiver peixe cru. É uma regra e tem uma justificação. 

 

Educamos com respeito, exigindo respeito. Com muita comunicação e empatia. Pedimos desculpa e dizemos obrigada. Exigimos o mesmo. 

Podem mexer em tudo o que é deles, perguntam se podem mexer no que não é deles. Podem brincar com tudo e arrumar faz parte da brincadeira. Funciona para os meus filhos e para quem os visita. Na cozinha tem acesso a garfo e faca desde sempre, o deles, adaptado à idade e à capacidade. Comem sozinhos desde os 6 meses. A autonomia foi sempre apoiada e estimulada. Não há “fruto apetecido” porque não há nada verdadeiramente que lhes seja interdito mas uma educação moderna baseada em respeito, valores e comunicação.

 

É óbvio que tenho muita sorte porque os meus filhos são fáceis.. ou seremos nós com muita paixão e paciência que facilitamos a tarefa de educar?!

Bom ano novo para todos, continuo a lutar pelo meu maior sonho, deixar um mundo melhor para os meus filhos e para os vossos 😊

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