Como explicar aos nossos pais que iremos educar de outra maneira?
No outro dia vi esta questão numa rede social, fiquei a
pensar no assunto e pensei que seria um bom tema para escrever.
Atualmente generaliza-se tudo e achei que seria uma boa
forma de resumidamente explicar a educação positiva.
Antigamente as palmadas eram vistas como um método
educativo, mesmo nas escolas. Confesso que levei uma reguada na escola e me
serviu de exemplo, fui para o recreio brincar em vez de fazer o trabalho que
era suposto. A avaliar a situação até poderia achar que tinha surtido efeito
mas não foi a reguada que me marcou mas o que a professora me disse. Não
consigo partilhar exatamente as palavras mas disse-me que lhe estava a custar
muito porque não esperaria que alguma vez eu o fizesse. As palavras
acertaram-me no meio do meu coração e marcaram-me para sempre. Não o voltei a fazer!
Pergunto-me se há alguém que tenha sido agredido
fisicamente que tenha aprendido alguma coisa. Por norma a agressão física dói
mas a dor não persiste, passa. Ninguém aprenderá com isso.
Aprendemos desde sempre que bater em alguém mais fraco é
covardia, porque pensamos que bater numa criança é educativo e uma
necessidade?
Isto não quer dizer que nos possamos demitir das nossas
responsabilidades de educadores, é apenas o método que não é o mesmo.
Cá em casa há regras e há consequências, mas nem sempre a
consequência tem de ser um castigo. Uma criança que não faz o que lhe pedimos
pode estar a tentar chamar a atenção. Pode querer um abraço, pode precisar de
dormir, pode precisar de refletir.
Na minha casa há uma regra de ouro, as más atitudes são
normalmente reflexo de cansaço. Quando estamos cansados precisamos de dormir.
Não é um castigo, mas uma consequência.
Esta premissa é sabida e quando há alguma má atitude é
hora de dormir (ou é apenas um aviso, se não for efetivamente uma necessidade a
má conduta é isolada e dissipar-se-á rapidamente).
A exposição é pouca, mas quando há menos horas de sono
durante a noite não há qualquer possibilidade de dispositivos eletrónicos, só
farão aumentar a excitação e os maus comportamentos.
A educação é baseada em amor e respeito. O tempo é de
qualidade e a maior prova disso é que quando estou com eles evito estar a
trabalhar ou estar com o telemóvel.
À noite há sempre uma história, a dimensão depende da
hora. Quando é muito tarde para haver história, são avisados previamente.
Tudo é preparado e informado com muita antecedência. Tudo
o que é diferente do habitual é conversado, sem surpresas e muita comunicação.
Não há mentiras piedosas, se vamos sair dizemos onde e com quem. A confiança
demora a construir e destrói-se num segundo. Aplicamos os valores que
defendemos.
Se dizemos que eles não podem comer alguma coisa nós
também não comemos a não ser que haja uma boa explicação. Por exemplo nós
adoramos sushi, e eles também acabam por gostar, mas eles só podem comer se não
tiver peixe cru. É uma regra e tem uma justificação.
Educamos com respeito, exigindo respeito. Com muita
comunicação e empatia. Pedimos desculpa e dizemos obrigada. Exigimos o
mesmo.
Podem mexer em tudo o que é deles, perguntam se podem
mexer no que não é deles. Podem brincar com tudo e arrumar faz parte da
brincadeira. Funciona para os meus filhos e para quem os visita. Na cozinha tem
acesso a garfo e faca desde sempre, o deles, adaptado à idade e à capacidade.
Comem sozinhos desde os 6 meses. A autonomia foi sempre apoiada e estimulada.
Não há “fruto apetecido” porque não há nada verdadeiramente que lhes seja
interdito mas uma educação moderna baseada em respeito, valores e comunicação.
É óbvio que tenho muita sorte porque os meus filhos são
fáceis.. ou seremos nós com muita paixão e paciência que facilitamos a tarefa
de educar?!
Bom ano novo para todos, continuo a lutar pelo meu maior
sonho, deixar um mundo melhor para os meus filhos e para os vossos 😊
Comentários
Enviar um comentário