Como aumentar a autonomia das crianças
As crianças são ávidas de conhecimento, não nascem ensinadas mas
tem capacidades incríveis. Aprendem desde a gestação e continuam em
constante aprendizagem.
Uma criança quando nasce explora, inicialmente com a boca e posteriormente com as mãos e por observação.
O sentido audição no momento do nascimento está completamente
formado. A visão vai sofrendo modificações. A criança quando nasce vê
tudo desfocado e a preto e branco e progressivamente vai ficando menos
turvo e com cor, quando inicia a marcha normalmente a visão da criança
já está completamente desenvolvida.
Um recém nascido tem necessidade da sua mãe não por capricho, mas
para se sentir seguro e confortável neste novo mundo desconhecido. Há
mães que optam por amamentar outras que por inúmeras razões não o fazem.
Todas as crianças crescem mas os estímulos e as vivências,
juntamente com o envolvimento farão diferenças no desenvolvimento. Uma
das dimensões em que a educação pode fazer diferença é no
desenvolvimento afetivo e emocional. Crianças confiantes acabam por se
desenvolver muito bem socialmente.
Pessoalmente vejo a autonomia e a responsabilização como uma
necessidade. As crianças não são menos crianças por serem autónomas, dão
mais nas vistas e são mais responsáveis mas não lhes “rouba” a
infância. Faz provavelmente com que sejam menos preguiçosas e que
busquem mais o saber.
Sempre adaptei as responsabilidades à idade e capacidades que tem. Vou dar agora alguns exemplos.
Sensivelmente aos seis meses quando os meus filhos começaram a
comer sólidos, começaram também a comer sozinhos, sem fundamentalismos
mas estimulámos a vontade para serem autónomos nessa tarefa. Já disse em
artigos precedentes que sou uma apaixonada por viagens e resolvemos que
a responsabilidade de ter um filho não complicaria esse gosto. Fazia
então bolos de legumes e frutas, cortava em cubos e colocava em
tupperwares pequenos. Os bolos eram uma mistura de um ou dois legumes
triturados com aveia, banana (e mais uma ou duas frutas), ovos e uma
colher de azeite. Tinha todas os ingredientes necessários para uma
refeição de bebé e fazia a delícia dos meus filhos (e não vão acreditar
que todos os adultos que provaram gostavam e repetiam). Em vez de
comerem sopas que não sabemos o que tem la dentro ou papa com farinhas
fabricadas sem grande valor nutricional. Comiam os “bolos” sozinhos.
Como se sentiam orgulhosos e grandes por o fazerem rapidamente também
começaram a pedir a colher, o garfo e a faca. Demos sempre, obviamente
que tínhamos, e ainda temos, sempre mil e um cuidados mas a atenção e
responsabilidade deles é enorme. Dão nas vistas porque comem de tudo
sozinhos.
A partir do momento que começaram a andar, o preparar da mesa para
refeição passou a ser uma tarefa em que podem colaborar. Não tem de o
fazer todos os dias mas tem de o fazer sempre que são requisitados. Por
norma sempre que se apercebem que está a ser colocada a mesa, se não
tiverem com uma tarefa mais educativa ou interessante eles próprios
ajudam e colaboram sem lhes ser pedido. Sentem-se muito orgulhosos
quando conseguem levar uma travessa pesada ou um prato com sopa. O risco
é sempre controlado. Exige tempo e paciência mas os resultados são
incríveis. Desafiam-se a si próprios e colaboram.
Vestir também é uma responsabilidade deles. Posso ajudar se for
alguma coisa complexa mas por norma fazem sozinhos. Ele veste-se sozinho
sem problema algum e ela fica felicíssima quando consegue vestir alguma
peça sozinha. Com dois anos e quatro meses tira os sapatos, veste
cuecas, meias e casacos sozinha. Cada vez que consegue alguma coisa fica
orgulhosa e super feliz. Além do trabalho que é reduzido, não temos
avós por perto, trabalhamos os dois, temos de optimizar o tempo e gerir a
nossa paciência por exemplo para sairmos de manhã de casa. Além de tudo
isso é óptimo para a auto-estima deles e para poderem por exemplo ir
dormir a casa de amigos.
Para concluir a autonomia deles dá-me confiança para que os adultos
que privem com eles os queiram ajudar quando eles precisem porque tudo o
que são tarefas rotineiras são uma “obrigação” para os educadores e se
tem de as fazer 20 vezes perdem a paciência e a vontade de fazer coisas
divertidas e criativas. Obriga a muita paciência porque a autonomia não
nasce com eles, constrói-se com tempo e dá trabalho diariamente mas
estou muito orgulhosa do trabalho que temos realizado e recomendo que
experimentem fazê-lo nas vossas casas.
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