Montessori em 5 minutos


O blog tem andado um tanto ao quanto adormecido, as obrigações pessoais e profissionais assim o tem ditado. Lembro-me muitas vezes de temáticas que gostava de escrever mas o tempo não estende.

 

Tenho-me apercebido que quando dou formações a educadores a noção de educação positiva não é sempre clara, o que é perceptível com o bombardeamento de informação às vezes tão pouco elucidativo.

Relembro-me do dia em que fui visitar pela primeira vez o grupo de creches que os meus filhos frequentam e me disseram que a pedagogia que seguiam era Montessori. Como nunca tinha ouvido falar, questionei sobre a pedagogia e a resposta foi: as crianças quando chegam de manhã fazem o que querem. Como mãe gelei, como professora pensei.. está tudo louco!

Não questionei muito a creche porque tudo o resto me agradava e resolvi que ia perceber o que era realmente a pedagogia Montessori, que no Luxemburgo estava a tentar ser aplicada por todo o lado.

Fiz uma formação de um ano e embora a pedagogia tenha mais de 100 anos, percebi que me revia muito na mesma.

Há uma expressão em português que diz “quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto” e isso é claramente o que tem acontecido com a definição de educação.

Não há educação sem regras! Educar implica estabelecer regras. Lembro-me das minhas aulas de História do desporto onde a definição de jogo obrigava a ter regras. Imaginem, por exemplo, o futebol sem regras. Quem quereria jogar? Independentemente de gostarmos mais ou menos de perder, concordam que quando o jogo não é justo, não é justo, e tanto vencedores como vencidos deixarão de o querer jogar.

Educar é isto. Quando não é coerente, perde o interesse para todos os interlocutores. Sem analisar muito o assunto, esta situação justificará o facto de haver muitos educadores/ professores a abandonar o barco. Não se sentem valorizados e não tem a voz que lhes é devida.

 

Mas o que é afinal educação positiva? É uma educação… cheia de regras. Onde todos se respeitam. Onde não se bate às crianças e onde as crianças também não tem vontade de bater aos adultos. Onde a comunicação é fundamental. Onde se fala, onde se discute e onde as crianças tem voz, com regras e quadro muito bem definido.

Onde o adulto diz: “agora é uma boa hora de irmos para a rua, está sol mas ainda não está muito calor.” E pede a participação das crianças para saber onde querem ir e juntos decidem.

Completamente diferente de: a criança decide que hoje não sai e vai ver televisão o dia todo.

A participação da criança é muito bem vinda nas decisões em que é solicitada. Pode até ter uma participação mais ativa do que a referi antes mas nunca:

  • está frio mas eu não quero vestir o casaco portanto saio de t-Shirt
  • Não me apetece sopa mas como sobremesa
  • Não cumpro com as minhas obrigações porque não me apetece

Estamos a falar de educação.

Vivemos em sociedade e em sociedade educamos e respeitamos.

 

Os meus filhos não aprendem se não os ensinarmos. E a aprendizagem vem pelo exemplo.

Não lhes digo que não podem fazer algo sem argumentos. Não faço o que lhes digo que não podem fazer.

Os dispositivos electrónicos só aparecem quando não há cansaço acumulado.

Disparates são sinónimo de cansaço.

 

Tudo isto era o que Maria Montessori defendia e acreditem faz com que as crianças sejam felizes e muito educadas. A nossa sociedade precisa de crianças educadas e de adultos observadores que estejam à altura das necessidades das crianças.

Precisam de crianças curiosas, que tem “acesso a tudo” mas sem exagero de nada. Que sejam comunicativas e que respeitem e sejam respeitadas.

Já agora que sejam autónomos, independentemente da idade que tenham. Queremos que os nossos filhos tenham sucesso e não sabemos o dia de amanhã por isso é fundamental incutirmos-lhes isso desde o primeiro dia da vida deles. Queremos crianças que tenham capacidade de fazer as coisas sozinhas, claro que às vezes precisarão de ajuda mas serão muito mais felizes se não precisarem sempre de ser ajudados.

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