À vontade não é a vontadinha

 


As pessoas não têm de levar com os maus comportamentos dos nossos filhos.

Agora que a pandemia está a perder força voltamos a viver um bocadinho mais des confinados e a fazer mais atividades sociais como fazíamos anteriormente, mas antes da pandemia éramos três e agora somos quatro.

Com a agravante de termos uma “adolescente” de 20 meses em casa. Não sei se de ser rapariga ou de ser a segunda, a minha filha está a passar pela fase dos « terrible two » muito mais cedo do que o meu filho passou.

 

De uma forma geral comportam-se bem, até porque não tem outra hipótese, mas cansaço ligado à vontade de se impor (e quando são dois os momentos de chamada de atenção vão-se revezando, pelo que volta e meia temos dois bebés).

Gosto de dar autonomia, as vezes até parece mesmo desleixe.. já falei sobre isso e as vezes foco-me no meu comportamento e acho que pode passar realmente a ideia de que tenho uma sorte tremenda porque os meus filhos nasceram ensinados e que em vez de fazer por eles faço as minhas coisas e olho para eles.

 

Sinto-me incomodada quando os meus filhos ou quem quer que seja incomoda outras pessoas. Claro que há momentos em que não podemos fazer nada, a inconsistência de 2 minutos poderá fazer um hábito retroceder alguns dias por isso lamento pelos outros mas não posso fazer nada. A semana passada estávamos a andar de avião e a minha adolescente começou a fazer uma birra, já nem me lembro bem a razão mas porque queria algo que não podia. Pareceu-me uma eternidade, não imagino o que pensaram as pessoas que estavam à minha volta mas quando me pareceu razoável perguntei-lhe se queria um abracinho da mamã e como por magia a birra acabou.

Lamento por quem teve de assistir mas educar é isso mesmo, é persistir em ideias e convicções porque ceder só porque temos muitas pessoas à nossa volta pode fazer retroceder a educação algumas semanas.

 

Mas nem tudo nas crianças, na minha opinião, é justificável. No outro dia fomos a um restaurante com alguns casais, que tem crianças mais velhas do que as nossas, a um restaurante. Faço parte daquele grupo que os meus filhos à mesa conversam, seja com adultos ou crianças, comem, socializam. Não há brinquedos nem aparelhos eletrónicos. Eventualmente lápis para se desenhar ou pintar mas por norma nem é necessário nada.

As crianças, não as minhas, começaram a correr pelo restaurante e a atirar brinquedos, a incomodar as pessoas que almoçavam, que poderiam eventualmente mostrar alguma empatia pelas crianças, mas nem era o caso. Eu estava envergonhada e transtornada, ia dizendo ao meu filho mais velho que não podia entrar na « festa », os meus amigos tranquilíssimos iam-me dizendo « são crianças », como quem diz aceita-se tudo o que fazem. Retorqui mas percebi que não valia a pena argumentar e que cada um ficaria com a sua ideia.

 

Acho que à vontade não é à vontadinha e ser-se criança não justifica tudo. Pessoalmente orgulho-me quando oiço elogios por os meus filhos serem bem comportados. Não admitimos que seja de outra forma. Não são menos crianças por serem responsabilizados e como tal não costumam ter comportamentos que incomodam outras pessoas.

E por ai? Incomoda-vos que incomodem as pessoas ou que vos incomodem quando só falamos de crianças?

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