Será amamentar um percurso simples ou espinhoso?

 

Hoje vou escrever um artigo diferente, direcionado a quem se prepara para a grande aventura de ter um filho. Antes do meu filho mais velho nascer, fiz um curso de preparação para o parto, organizado pelo hospital. Um dos módulos era a amamentação. Foi provavelmente o módulo menos claro e elucidativo. Só me apercebi disso no dia em que fui mãe pela primeira vez.

 

Ninguém me disse que não bastava querer.

Ninguém me disse que não era fácil e que não era imediato. Ninguém me disse que exigia algum esforço e até alguma dor.

Esquecemo-nos muitas vezes do que sentimos em determinado momento. No outro dia um casal de amigos, fiel aos artigos do blog, colocou-me uma questão sobre amamentação e como a boa nova está para muito em breve resolvi escrever sobre o assunto.

 

Amamentar é uma opção. Há mães que não querem, há mães que não podem, há mães que não conseguem. Há pessoas que estão tão desejosas que se pode tornar difícil. O stress é provavelmente o maior inimigo da amamentação.

Pessoalmente nunca tinha pensado muito e nem sabia que se podia querer e não poder.

Tinha na minha cabeça que queria amamentar porque já tinha lido e ouvido que o leite materno era benéfico para os bebés.

Não sabia era que não bastava querer e apercebi-me disso quando o meu filho nasceu e não pegou logo, teve dificuldades em pegar. Eu não sabia o que se podia fazer porque a informação que tinha retido era que amamentar era uma escolha. Só não me tinham informado que essa opção não era sempre linear.

 

Também não me tinham dito que os pais se podiam stressar por os recém-nascidos perderem peso após o parto. Claro que pensando não é muito difícil de compreender a razão mas não me tinham dito e eu também não tinha parado para pensar nisso. Também não sabia que me podiam dizer no hospital que se o meu filho não recuperasse o peso não poderia ir para casa.

O meu mundo quase se desmoronou quando me disseram que ele estava a perder peso e que não poderíamos ir para casa. Para piorar tive uma enfermeira que me conseguiu perguntar se eu não sabia dar mama.

Ora para todas as pessoas que amamentam a minha questão é: souberam dar mama no primeiro dia?

Fui aprendendo, lendo, observando e experienciando. Já amamentei mais de 3 anos portanto agora considero-me entendida de alguma forma no assunto.

 

Ha algumas dicas que acho fundamentais: 

• Não desesperar, no início nunca é fácil. Os mamilos ficam sensíveis e é fácil ficarem gretados, há bons cremes mas o próprio leite faz milagres;
• Fazer orelhas moucas para palpites;
• “Tem de dar leitinho de lata porque o seu leite não é suficiente” (foi uma luta por aqui, as crianças tem o seu ritmo, confiem em vocês se for isso que querem);
• Assobiar quando se ouve que não se pode beber e comer enquanto se amamenta. Chego a beber 1,5L de água enquanto amamento, a água que nos é retirada é imensa, é óbvio que tem de ser reposta;
• Dizer que sim mas que também a quem sem conhecimento de nada diz “o teu filho tem cólicas porque o amamentas”;
• Sorrir quando se ouve “Se o teu filho bebesse leite de lata dormia a noite toda”

É o que tenho feito! Amamentar é sem dúvida uma opção, há quem tenha vontade e quem não o tenha, não tenciono gerar discussão mas partilhar o que tenho feito.

 

Amamentei o primeiro até aos 2 anos que era a meta que tinha estipulado. Com um ano e meio fui reduzindo gradualmente, com muito respeito e amor.

Agora já passou mais de um ano. 

Sempre que amamento respeito o nosso momento, evito estar a fazer alguma coisa que não seja concentrar-me no que estou a fazer. Se por acaso pego no telemóvel a minha filha faz questão de me avisar. É um momento das duas e alguma falta de atenção, de alguma das partes, merece sempre uma chamada de atenção. 

Ainda não retirei a mamada da noite portanto as vezes ando zombie mas ainda vale o esforço e quando vejo a imunidade que já tem fico orgulhosa do meu esforço.

Se for isso que querem não desistam e não tenham medo de perguntar, ninguém nasce ensinado.