Como aumentar a autonomia nas crianças?


Será a autonomia das crianças uma necessidade ou um desleixo de quem a pratica?

Se calhar mais do que começar por explicar as razões vou explicar as vantagens ou talvez as motivações que me fazem fomentar a autonomia. Do ponto de vista de mãe tenho o objectivo de deixar um mundo melhor para os meus filhos e para os vossos. Da perspectiva mãe Catarina, não consigo estar sempre em todo o lado. Além de mãe, sou mulher, esposa, professora, formadora, adoro viajar, adoro jogar futebol, basketball, volleyball, adoro conviver, podia continuar a minha lista mas o que vos quero dizer é que amo os meus filhos mas não ambiciono passar cada segundo na minha vida com eles até porque sei que eles também não terão a mesma ambição em passar comigo. Sem más interpretações quero dizer-vos que eles crescem e voam e nós podemos e devemos passar tempos de qualidade com eles mas devemos saber “deixá-los voar”.


Sou apologista que as crianças necessitam de conviver com outras crianças, que precisam de aprender e ser estimuladas por outras pessoas que não os familiares (pais, avós, tios, irmãos, primos) e por isso não tive dúvidas em colocar os meus filhos na creche. Claro que sempre que podemos fazemos com que passem temporadas com os avós, são as vantagens e desvantagens de estarmos longe da família. Quando vão à creche vão sem interrupções, com rotinas. As mudanças são sempre acompanhadas de explicações com antecedência. Tudo é acompanhado com uma justificação mesmo que não tenhamos a certeza que compreendam. Não existe a mensagem “não podes porque não é para a tua idade” porque há sempre alternativas. Se não podem utilizar uma faca porque é perigosa arranja-se uma faca que não seja ou participam com outra função, já diz o provérbio: “trabalho de menino é pouco mas quem não o aproveita é louco”.

Hoje estivemos a fazer sopa cá em casa em equipa. Eu descascava e arranjava os legumes, o meu filho (3 anos) cortava e dava à mana (1 ano) que os colocava na panela de pressão. Ele cortava em cima da banca e ela estava no chão ao pé da panela. Adoraram!


As crianças tem acesso a tudo o que é delas. Os armários são baixos e eles conseguem aceder a tudo. Podem escolher o que querem brincar e tem a obrigação de arrumar quando já não quiserem mais. Podemos ajudar mas a responsabilidade é de quem brinca. Não é exploração infantil, é uma regra de boa conduta.

Há plantas no chão, é verdade que nos primeiros meses foram um desafio mas que agora com 12 meses as plantas já vivem tranquilamente. Nunca houve verdadeiramente nenhum problema, houve algumas “chamadas de atenção” como para tudo o que os bebés e as crianças não se podem aproximar. E rapidamente é percebido.

Agora ela está em constante descoberta. Gosta de estar ao colo quando arrumamos a loiça, metemos a mesa,.. gosta de ajudar. E nós deixamos fazer. Se estamos a arrumar um prato é ela que pega no prato, com a nossa ajuda claro e arrumamos conjuntamente.

A participação fomenta o interesse e desperta a autonomia nas crianças.


Já referi anteriormente que os meus filhos comem sozinhos desde muito cedo, a motricidade fina é muito estimulada e ajuda-as a quererem fazer brincadeiras precisas. 

Ela ainda não se veste sozinha mas já mostra interesse pelos armários. Obviamente que também demonstra interesse em querer desarrumá-los mas consistentemente todos lhe temos explicado que os armários não se desarrumam e tem resultado.

Desde cedo estímulo, que mesmo ao colo, liguem e desliguem a luz. Abram e fechem os armários. Transportem coisas nas mãos com o propósito de as deixar nalgum lado. E falo muito com eles, explico tudo e justifico todas as opções que tomamos. 


Eles brincam muito e podem escolher dentro do que consideramos opções. Já referi noutro artigo mas o momento de dispositivos electrónicos, para ele, ela ainda não vê, não são os momentos nem o tempo que é uma opção mas os bonecos que prefere.

Cá em casa os meus filhos tem sempre opção de escolha mas as regras são estabelecidas pelos adultos. Eles podem cooperar e podem optar na maioria das vezes mas pelo que é uma opção. Eles são as crianças e nós somos os educadores. E temos tanta sorte que eles são tão fáceis ou seremos nós que facilitamos?

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