Eu tenho dois amores!

 

Hoje vou contar-vos uma história 

Já me perguntaram se tinha um filho preferido. Fiquei sem saber o que dizer, não porque tenha um filho preferido mas porque não estava à espera da pergunta.

Acho que nenhuma mãe tem um filho preferido ou pelo menos não consigo perceber como isso possa acontecer.

Os filhos são diferentes, estabelecemos relações diferentes e temos momentos únicos mas não consigo pensar nisso como gostar mais de um do que de outro.

Na semana passada vivenciei uma situação que me fez voltar a pensar na pergunta que me tinham feito.

 

Desde que a minha filha nasceu por razões óbvias faço poucas coisas sem ela. Ou talvez o mais correcto seja dizer que praticamente deixei de ter momentos com o meu filho sem ela.

Também não tenho especialmente, atualmente, momentos com ela em que ele não esteja. Basicamente acho que temos conseguido criar uma enorme empatia entre eles, com algum esforço inicial da nossa parte, que me valeram algumas horas de sono e alguma tranquilidade, mas que me fazem adorar a cumplicidade que têm.

Invadi voluntariamente o espaço do mais velho dizendo que o quarto passava também a ser o da mana e não me arrependo nem um bocadinho. Podíamos ter cada um no seu quarto mas a relação que já têm é adorável.

 

Claro que ouvindo a história contada assim pareceria tudo cor-de-rosa mas quem tem irmãos sabe que ter irmãos é maravilhoso mas a relação tem várias cores, às vezes no mesmo minuto. E é esse sentimento que vejo sobretudo no mais velho, não vive sem ela, é adorável a maior parte das vezes mas de vez em quando tenta chamar a atenção, afinal era ele é só ele e de um momento para o outro teve de partilhar tudo, a mãe, o pai, a atenção, os brinquedos e até o quarto. 

 

Quando o meu filho mais velho era bebé ia muito a espetáculos musicais para bebés com ele, ia à piscina e fazia inúmeras atividades que me permitiam aproveitar e ao mesmo tempo estimular os 5 sentidos dele. A mais nova acabou por nascer já em tempo de pandemia o que infelizmente não facilitou essa convivialidade mas como mais nova conseguiu ir absorvendo tudo a que a rodeia e o crescimento ainda parece que é mais rápido.

Tenho pena e ao mesmo tempo muita vontade de aproveitar o mesmo tipo de atividades que fazia com ele porque acho que são um excelente meio de proximidade e ao mesmo tempo ajudam imenso ao desenvolvimento das crianças.

 

No outro dia, tentando retomar a “vida normal” andei a ver de espetáculos e encontrei um que diziam ser a partir dos dois anos. Liguei para marcar e aproveitei por perguntar se podia levar os dois, que sabia que conseguiria que a mais pequena não chorasse (jogando com as horas de sono e de comida pensei que não iria ser muito difícil). Nesse mesmo dia vivenciei uma situação na terceira pessoa e apercebi-me que o meu espetáculo apenas seria para mim e para o mais velho mas com um sentimento de culpabilização.

 

Basicamente a situação a que assisti foi no parque uma rapariga que conheço mas com quem não costumo estar muito frequentemente que vinha com os dois filhos (2 e 5 anos) onde o mais velho esteve o tempo todo a testá-la e a tentar chamar a atenção fazendo coisas que me deixaram chocadas, entre as quais atirar o irmão de estruturas altas. Pensamos sempre que connosco seria diferente mas a mensagem que aprendi foi clara. O mais velho merecia momentos só para ele. E lembrei-me de quando não tinha filhos achava muito estranho uma amiga que tinha momentos diferentes para cada um dos filhos, e apercebi-me que é sem dúvida uma necessidade.

 

Necessidade que não nos deixa tranquilos ou com um ligeiro peso na consciência. Sou apologista que devemos despender tempos de qualidade com os pequenos e sem dúvida que o faço mas ando a aprender a gerir esses momentos sem melindrar os pequenos e sem melindrar o meu coração.

Alguém por aí com o mesmo sentimento?

 

Comentários

  1. Sim, por aqui o sentimento é o mesmo com um filho de 5 anos e uma filha com 2. Eles também têm uma enorme cumplicidade, mas há alturas que nos deixam loucos e penso que tem muito a ver com chamadas de atenção também. embora tenhamos alguns tempos apenas com um , parece que nunca é suficiente que estão sempre a pedir mais e mais atenção e há momentos em que me sinto impossível de dividir :(

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

O desafio de gerir três crianças

Porque devemos ter filhos autónomos?

Ser Mãe ou Super Mãe