Sopas com tudo triturado ou dar comida em pedaços (BLW)?

 


As crianças comem cada vez pior e o tempo é constantemente apontado como uma das razões.

No Luxemburgo onde existem cerca de 174 nacionalidades numa micro população de 600 mil pessoas não existe um padrão de boa alimentação. As diretivas dos ministérios são pouco claras e genéricas e as crianças alimentam-se muito mal, em casa e principalmente na escola. Acredito que esta situação ocorra em muitos outros países. Na minha casa tento que a educação abranja a alimentação e vou contar-vos o que fazemos.

 

Temos de lhes dizer que já chega

Ao contrário da maior parte das estórias que oiço os meus filhos comem muito bem, os dois, desde sempre.

O prazer deles pela comida chega a "preocupar-nos".

Para quem vê de fora temos « muita sorte » e é fantástica a forma como eles comem, para mim como mãe que estou de alguma forma ligada à área fico orgulhosa da qualidade do que comem mas preocupada pela pressão dos pares e falta de diretivas da sociedade.

 

Só sorte ou a sorte deu trabalho?

Sempre ouvi que ter crianças que comem bem seria muita sorte. Quando o meu filho nasceu disseram-me que eu era uma sortuda. Viajávamos, íamos aos restaurantes e em qualquer parte do mundo éramos interpelados com um "tão engraçado, come tão bem".

A segunda vez que estive grávida diziam-me para me preparar que não iria ter certamente a mesma sorte, mas afinal tive. A minha filha também gosta muito de comer e também come muito bem. Será que tem sido só sorte?

 

Refeições: momentos de encontro e de prazer

Como bons portugueses sempre gostámos do bom tempo dispendido à mesa, com boa companhia e boa comida.

Somos preocupados com a alimentação, legumes e frutas foram sempre a base e esse é também o mote que temos passado aos nossos filhos.

Desde que o nosso primeiro filho nasceu pouco ou nada foi modificado nesse campo. O tempo da refeição é um tempo de reunião em que se conversa, não existem dispositivos electrónicos e aprecia-se o momento e a comida.

Obviamente que também gostamos e comemos bons petiscos, bons molhos, bom pão, podia continuar com uma imensa lista mas especialmente nas refeições partilhadas (normalmente o jantar não é feito com eles), tentamos ter opções mais saudáveis porque sim, os nossos filhos comem o mesmo que nós. O exemplo é uma regra de ouro.

 

Introduções alimentares

Tal como muitas outras mães, foi um stresse quando o meu primeiro filho nasceu, porque não ganhava peso. Hoje digo que foi uma preocupação em vão. Aprender a gostar de comer pode ser estimulado e o peso é ganho, se não for hoje é amanhã.

Nunca fui fundamentalista em relação à introdução alimentar. No Luxemburgo aconselha-se a introduzir todos os alimentos a partir dos 6 meses, ao mesmo tempo. Se houver reações tenta-se perceber o que comeu para averiguar a causa. Em Portugal aconselha-se a introduzir um alimento diferente a cada três dias para despistar precocemente alergias ou intolerâncias alimentares. Se no primeiro filho segui mais as diretivas portuguesas na segunda filha faço um bocadinho dos dois. Tenho uma lista de alimentos e vou introduzindo os alimentos a cada três dias mas se ela entretanto na creche comer alguma coisa que nunca tinha comido antes, não é o fim do mundo.

 

Sopas e papas ou Blw (baby led weaning)

Mais uma vez não sou fundamentalista mas posso contar-vos o que fiz e faço. Inicialmente introduzi tudo triturado mas quando tudo é passado a absorção dos pais é gigante. Ou se assume que se dá comida primeiro aos bebés ou não se consegue comer em condições porque exigirão comida e depois exigirão atenção. Como sou muita prática e acho que não temos de mudar tudo por termos um bebé, gosto desde sempre de os incluir nas dinâmicas familiares e como tal faço muito BLW especialmente ao almoço para todos usufruirmos de tempos de qualidade à refeição. Obviamente que a comida inicialmente foi bem passada para evitar engasgamentos mas depois de algum tempo começa a ser menos cozinhada.

Pela minha experiência as crianças que comem a comida em pequenos pedaços aumentam em muito a capacidade de preensão, motricidade fina, familiarizam-se com diferentes texturas, sabores e odores e aumentam a autonomia.

Na fotografia podem ver um prato de uma criança de 9 meses com: curgete, cenoura, feijão verde, abóbora, batata, bróculos e peixe.

No próximo artigo irei contar-vos o segredo dos meus filhos gostarem tanto de legumes. Por aí, como introduziram a alimentação?

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