Se arrumares o quarto dou-te uma recompensa

 

 

Muitos pais me tem abordado por lerem o blog, serem pais de primeira viagem e terem receios de não estar a altura para educar os seus filhos. Querem seguir pedagogias alternativas, perceber melhor como podem dar o melhor aos seus filhos. Conheço bem as pedagogias Montessori e Waldorf, sigo muitas coisas de ambas. Montessori mais estrita relativamente a valores, acabo nesse campo por a seguir mais, as crianças aprendem ao seu ritmo e são acompanhadas por pessoas que as vão motivar e incentivar a desenvolverem-se cognitivamente. Waldorf mais livre, estimula mais as brincadeiras e foca a aprendizagem em torno das mãos. As crianças desenvolvem imenso a expressão artística: aprendem a coser, utilizam inúmeros materiais para desenvolver a expressão plástica, teatro,…

Cada pedagogia tem as suas mais valias. Pessoalmente gosto de as conhecer para as poder utilizar de acordo com as necessidades. Como tudo tem também fatores menos positivos. Essas duas pedagogias por exemplo, quanto a mim, tem o defeito de não encarar a atividade física como uma necessidade, a Waldorf tem em conta a expressão motora mas numa ótica de conhecimento do corpo, não como atividade física orientada. Na pedagogia Montessori o desenvolvimento físico é feito pelas próprias crianças naturalmente sem incentivos externos.

Ora como licenciada em educação física com muita experiência em educação infantil, não concordo. Acho que podemos e devemos desenvolver a componente física das crianças. Devemos incentivar a mexerem-se, mesmo as crianças que tem menos predisposição para o movimento adoram brincar. E há tantas brincadeiras que lhes podemos apresentar. Temo que pelas piores razões o pós-pandemia se vá focar mais nessa área mas espero que se invista verdadeiramente neste tema, pela saúde física e mental das nossas crianças.

 

Sou muito emocional mas na hora de educar sou muito racional, o que ajuda imenso na aproximação que tenho relativamente às crianças (sejam os meus filhos ou os meus alunos).

Pais deste mundo inteiro, mesmo que a maternidade e paternidade não impliquem curso, é obviamente uma função muito complexa e sim temos todos capacidades de educar os nossos filhos! Nem sempre a tarefa é fácil mas como em tudo, quando mais nos implicamos melhores resultados teremos. Portanto muito empenho e dedicação.

Amor muito amor! As crianças precisam de muito amor, de ser acarinhadas, de se sentirem seguras e felizes. Isto não quer dizer que tudo tenha de ser como elas querem, muito pelo contrário. Os adultos tem de ser consistentes e coerentes no que fazem e no que exigem.

Somos o exemplo das crianças, se lhes gritarmos mas lhes dissermos que elas não podem gritar não estamos a ser coerentes portanto obviamente que as crianças se vão sentir perdidas e pouco seguras. Irão também replicar o comportamento pouco coerente na escola com os colegas o que posteriormente poderá ter consequências mais negativas.

Pedimos a uma criança para arrumar os brinquedos mas ela vai dormir e arrumamos nós. No dia seguinte qual é a motivação dessa criança para arrumar os brinquedos? Mas “nem tanto ao mar nem tanto à terra”, às vezes acontece! Mais uma vez é fundamental que comunique, que expresse, independentemente da idade da criança, o que se passa. “Hoje já é tarde, eu irei arrumar mas esta é a tua função”. Atenção que este tipo de situações devem ser as exceções senão qual será a compreensão da criança?

Dizemos a uma criança que tem de ir dormir e ela diz-nos que não tem sono e dizemos, ok deitas-te mais tarde. Onde está a consistência? As crianças necessitam muito de dormir, grande parte das birras são devidas à falta de sono. Não quer ir dormir mas tem de ir dormir, a não ser mais uma vez que seja um dia especial mas mais uma vez isso tem de ser comunicado e assumido como um dia especial.

Poderia dar inúmeros exemplos mas irei finalizar com o tão conhecido prémio em forma de doce ou de prenda quando a criança não faz mais do que a sua obrigação. Arrumaste o quarto então agora tens uma recompensa. Comeste a sopa vou-te dar uma prenda. Caso não seja uma razão especial, por exemplo a criança estar doente e não ter apetite (ou outro tipo de exceção) não há razão para haver utilizar estes incentivos que podem até ter efeitos contraproducentes.

Consistência e coerência! Como é aí por casa?

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