Desafios do confinamento em família

Estamos fartos, todos fartos! De máscaras! Da falta de liberdade de sair de casa como queremos! De estarmos com quem quisermos! De viajar! De beijar e abraçar só porque sim! De passarmos 24h sem pensarmos no que andamos a viver!
Ninguém poderia prever que 2020 e 2021 seriam anos de pandemia, onde as crianças teriam de estar isoladas. “Pobres” crianças!
Sou uma crente que em 2022 tudo estará bem mas para isso é necessária uma enorme responsabilização de todos.

Como deverá ser complicado, para as crianças e mesmo para os adolescentes, perceber o que se está a passar. Por muito que a comunicação seja consistente e que a mensagem passe, como se sentem as crianças neste momento? Já fez esta reflexão?
Muitos meses depois ainda ninguém se habitou verdadeiramente a esta nova realidade. A maioria das soluções encontradas são apenas temporárias. Aulas on-line ou mistas ainda são apenas o remediar de uma situação e não uma evolução digital embora já estejamos em 2021 e este seja um sinal de que há muitas coisas que tem de se atualizar.

Durante este ano tenho tentado, por alguns momentos, meter-me na pele de crianças e adolescentes e embora não tenha a real capacidade de saber o que sentem lamento a falta de socialização que têm ou que esteja a ser exigido que tenham. Se para nós adultos não é fácil imaginem para as crianças. Até porque alternativas on-line não compensam o estar presencial e os lusófonos sabem bem disso, somos povos de contacto.
Lembro-me de numa formação multicultural que dei, em que estava a apresentar uma panóplia de exercícios e ia pedindo aos educadores para os realizarem para depois terem vontade de os experimentar com as crianças. A dado momento uma educadora, de um país do Norte da Europa, olhou-me muito séria e perguntou-me, diante um grupo de cerca de 15 pessoas, porque haveria de promover o contacto físico das crianças (a brincadeira era tocar partes do corpo uns com os outros: cotovelos com cotovelos, joelhos com joelhos,...). Não me vou perder em explicações técnicas sobre a importância do toque e desse tipo de atividades, que quando promovo com adultos gera uma alegria contagiante, mas serve apenas como reflexão que afinal talvez não seja uma necessidade para todos.

A falta de movimento é um enorme problema que se está a acentuar a cada dia que passa.

A saúde, a nossa e a dos outros, tem de ser sem dúvida uma prioridade mas não podemos ignorar a importância da saúde mental e física das nossas crianças e jovens.
O stress passa para eles, como adultos temos de ter a capacidade de lhes contagiar alegria e tranquilidade, de termos momentos de qualidade e de criarmos condições para se mexerem. Enquanto educadores e pais temos mesmo de promover situações que os libertem física, mental e emocionalmente. O mesmo se aplica a si. Senão estiver bem como poderá promover esses momentos?

Teoricamente é fácil de dizer mas nem sempre é fácil de fazer. Comunique, observe e responsabilize. Dê o exemplo. Relativize. Crie momentos únicos, longe de dispositivos eletrónicos, e dê um novo sentido a esta pandemia. Senão tivesse existido provavelmente não tinha passado tantos momentos em família, não tinha tido tantos momentos de reflexão (estou certa que vendo desta perspetiva ainda conseguiremos encontrar um ponto ou outro positivo, dentro do negativo de toda a situação).
Se as ideias de atividades a realizar não surgirem procure na net ou fique atento ao blog, irei publicar informação brevemente. Importante é reservar algum momento no seu dia para a sua família, tempo de qualidade, sem coisas que vos distraiam, preferencialmente com atividades variadas para aumentar a motivação. Se as atividades envolverem movimentos intensos melhor ainda mas acima de tudo despendam momentos felizes com os vossos, não desesperem e mexam-se. Somos o exemplo das crianças e dos jovens.

Criei em Março, um grupo no Facebook, onde postei vídeos diários, em inglês e francês, as línguas que trabalho. Havia muitas pessoas que seguiam mas não interagiam, como a barriguinha já “pesava” deixei de realizar. Se quiserem espreitar para ter ideias de atividades físicas a realizar com as crianças em casa podem pedir acesso: @EnjoYourlife Luxembourg